O espaço que hoje abriga a aldeia Maracanã, um prédio inaugurado pelo
marechal rondon em 1930 e transformado pelo antropologista darcy Ribeiro
em Museu do Índio, abandonado há anos pelo poder público, foi ocupado pela
primeira vez pelos índios em 2006 que iniciaram ali atividades educativas,
terapêuticas e culturais como o ensino do Tupi, torés e venda de
artesanato. Desde o começo foi aberto como espaço de sensibilização à
cultura indígena pelxs próprixs índixs, à diferença de outros espaços como
o oficial Museu do Índio em Botafogo que abriga a história colonial dos
índios brasileiros. Com eles consta um documento de doação de todo terreno
aos povos indígenas do Brasil. O local também era usado como o único
alojamento para muitos visitantes índixs de passagem pela cidade.
O espaço passaria despercebido pelo poder público se não fosse a chegada
da Copa do Mundo ao Brasil que tornou toda a área do Maracanã em área de
especulação financeira global.
Desde o anúncio da Copa que os índios vêm se preparando para as batalhas
sendo o primeiro ataque ocorrido em março deste ano (link
http://raquelrolnik.wordpress.com/2013/03/22/remocao-forcada-da-aldeia-maracana-nao-e-assim-que-se-faz-uma-copa-do-mundo/
remoção forçada da aldeia maracanã não é assim que se faz uma copa do
mundo). Em menos de 5 meses os índixs re-ocupam o espaço que desde então
converge para intensa atividade de pessoas e movimentos diferentes,
solidárixs com nossa herança ancestral. O projeto coletivo dos indíxs da
Aldeia Maracanã é uma universidade indígena algo também ainda inexistente
em nosso país.
Ao lado do Aldeia existem mais dois terrenos pertencentes ao legítimo
território – um prédio recém-construído todo equipado em salas, desativado
para as obras da Copa do Mundo (a passagem de um viaduto de carros por
cima deles) e outro que já parcialmente destruído. Este prédio totalmente
funcional, anexo ao Museu, foi o prédio ocupado pelos índixs e
colaboradores neste domingo dia 15 de março durante um encontro solidário,
com pessoas de muitas idades diferentes (* e **). O espaço seria usado como
futura sede da Universidade Indígena.
Dos gabinetes da empresa Odebrecht, gerente da obra, ao acionamento da
polícia carioca bastou uma manhã. Em agosto o governador no Rio de janeiro
Sérgio Cabral garantiu que o prédio não seria derrubado. No entanto, desde
ontem a tropa de choque chegou com cerca de 80 policiais ao local, sem
mandato por escrito, ferindo e carregando as pessoas à força. Foram presos
25 ativistas, muitos indíxs. Um índio Guajajara permanece até o presente
momento sem acesso às pessoas, no topo de uma árvore. É o último
resistente dentro do Museu. A simbologia deste remanescente índio
brasileiro na remanescente aldeia maracanã em plena época de remanescentes
cabrais é forte demais para qualquer carioca.
vídeo a nova democracia
vídeo-depoimento josé guajajara dois dias após a desocupação
video-depoimento josé guajajara – 18 DE DEZEMBRO DE 2013 from tacira on Vimeo.
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Imagens nova democracia, redes sociais, jb e o globo
(*) o encontro da FIP (Frente Internacionalista Popular)
http://frenteindependentepopular.wordpress.com/
(**) relato do encontro e a ação policial
http://www.anovademocracia.com.br/blog/rj-resistencia-marca-o-vitorioso-encontro-da-fip-na-aldeia-maracana:
“Construída com o suor e disposição de seus ativistas e organizações
independentes que a compõem, a FIP desde as jornadas do meio do ano vem se
destacando como um campo de luta combativo na capital fluminense e
servindo de exemplo para outros estados. O I Encontro, como não poderia
deixar de ser, também foi organizado de forma independente. A reforma do
espaço, eletrificação, alimentação, segurança, ornamentação, finanças:
tudo! Tudo construído sem um centavo de governo, partido eleitoreiro,
empresa, etc. O que, de fato, predominou foi o próprio esforço de cada um
que ajudou a construí-lo. Um clima de intenso companheirismo cercou o
ambiente.”
fotos tiradas no dia da desocupação forçada
OUTROS LINKS
RJ: Resistência marca o vitorioso encontro da FIP na Aldeia Maracanã
http://www.anovademocracia.com.br/blog/rj-resistencia-marca-o-vitorioso-encontro-da-fip-na-aldeia-maracana/
PM detém 24 ativistas da Aldeia Maracanã e libera a Radial Oeste
http://oglobo.globo.com/rio/pm-detem-24-ativistas-da-aldeia-maracana-libera-radial-oeste-11078904
ALDEIA RESISTE
http://www.anovademocracia.com.br/no-115/4882-aldeia-resiste
Viagem imaginária à aldeia maracanã – baobá na aldeia em 2011
http://baobavoador.noblogs.org/post/2011/03/05/resistencia-imaginaria/
dia-a-dia do espaço anteS da desocupação
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=5579:aldeia-maracan%C3%A3-resiste
RIO NA RUA
http://rionarua.org
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em inglês
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Aldeia maracanã suffers new attack !
tacira 16/12/2013 14:40
The space that now hosts Aldeia Maracanã, a building opened in 1930 by
Marshal rondon and transformed by anthropologist Darcy Ribeiro in the
Indian Museum, abandoned for years by the government, was first occupied
by the Indians in 2006 who started there educational, therapeutic and
cultural activities such as teaching Tupi, indigenous dances and rites and
selling of traditional crafts. From the beginning it was opened as a place
to raise awareness of indigenous culture by the Indians themselves, a huge
difference compared to other areas as the official Indian Museum in
Botafogo which houses the colonial history of Brazilian Indians. The whole
area was donated for the indigenous peoples of Brasil in a document.
The space would go unnoticed by the population if not for the arrival of
the World Cup to Brazil which made the whole area of the Maracanã avaiable
to global financial speculation. Since the announcement of the World Cup
that the Indians have been preparing for battle with the first attack
occurred in March this year (link http://rioonwatch.org/?p=7962 forced
removal of the village maracanã or how not to make a world cup ) . Since
then, the space converged activists from many different social movements
with intense activity as well as people in solidarity with our ancestral
heritage. The collective project of the indíxs of Aldeia Maracanã is an
Indigenous Un iversity, something still lacking in our country.
Next to the Aldeia there are two more areas within this indigenous
territory in the city of Rio de Janeiro, a building recently constructed (
Lanagro River – National Agricultural Laboratory of Rio de Janeiro )
fitted in rooms and another one already parcially destructed for the World
Cup. This fully functional building annexed to the Museum, was the place
occupied by activists and índixs this Sunday March 15 during the meeting
of the FIP ( Popular Front Internationalist ) . The space would be used as
the future headquarters of the Indigenous University .
This was the main motivation for this new attack. On the same day 80
policemen from Tropa de Choque invaded Aldeia without written orders and
in illegality and brutal force arrested 25 people resisting in solidarity
with the indigenous cause and desocuppating the whole area. A Guajajara
Indian remains so far in a tree inside Aldeia, the remaining occupant in
the Museum.
rionarua ta acompanhando!
http://rionarua.org/
ao vivo!
http://twitcasting.tv/midianinja