As primeiras manchas apareceram em silêncio completo. O que e isso? parece piche… foi no começo de outubro e foi marcante porque nunca tinha acontecido nada parecido nesse paraíso chamado Pipa, litoral potiguar. São lugares como esse que vivem quase que exclusivamente de sua beleza, de sua natureza, da pureza de seu ambiente. Não podia ser nada grave porque não aparecia nos jornais, nos grupos e muitas pessoas continuaram com sua vida normal, vivendo do turismo saindo cheias de óleo na cabeça, manchando as pernas, criancas que vivem com a mao na boca brincando… a verdade e que não lembro de ninguém que ficou sem ir ao mar ou trabalhar na praia, por conta das manchas.
Grupos locais se mobilizaram para limpar, aqui e em muitos lugares, voluntarios em sua maior parte, não tivemos nenhuma informacao do municipio ou estado. Foi quando descobri que a substancia se tratava de oleo cru. Fui pesquisar e logo cai no Vazamento de petroleo do golfo, no Mexico, um (de muitos outros) super vazamento da mesma substancia e la dizia: altamente toxico, o petroleo cru contem mais substancias químicas danosas do que qualquer outro, evite contato. Escrevi em listas e avisei amigas para não irem a praia. Logo me responderam: não seja alarmista!
La pelo meio do mês começou lentamente a aparecer nas TVs, a prefeitura logo apareceu dizendo “que ajudou como pode” e (ontem) as ongs locais já mandam um “ja passou por aqui” um toma la da ca de responsabilidades ao simplesmente MAIOR DESASTRE AMBIENTAL DO NORDESTE BRASILEIRO.
As tartarugas, as que foram resgatadas, ainda passarão por dois meses de processo de recuperação com substancias quimicas para a retirada do oleo cru, ingestão de carvão, confinamento, esses são os animais que podemos ver, não e calculado o dano aos animais marinhos que são potencialmente tragicos. A todo o ecossistema marinho dessa região tao importante para a biodiversidade do planeta.
Não e coincidência que isso tudo acontece em meio ao “leilao” do pre-sal, uma aposta, um jogo financeiro de quem da mais para destruir esse mesmo ecossistema já tao fragilizado, pelas mudanças climáticas, consequência direta dos próprios responsáveis e eleitos para ao cuidado e não para a destruicao, a ganancia, agora totalmente vulneraveis a especulações e aviltamentos. A semelhanca de escravos, os recursos naturais deste planeta sofrem, e precisam descolonizar-se.
Somos uma mesma tecnologia de produção de vida e não de morte, de cuidado e reparo e não exploração. Ja passamos por essa etapa, precisamos olhar não a frente mas atrás, reverenciar (e dançar com) aqueles que vem dando a vida pela abundancia de vida, os povos nativos, resistindo em meio a nossa própria destruição, que afeta todos os “mundos”.
Ainda não foi oficialmente revelado que fez isso, primeiro logo surgiu: vem da venezuela! Hoje já foram descoberto barris da empresa estadunidense Shell, mas que pode ter sido transportado por qualquer outro pais da Africa por exemplo, falam da Liberia. A rota do oleo e muito significativa são nossas novas caravelas, os oleos e os cabos, os bits de nossa paradoxa colonização.
Mas precisamos estabelecer limites pelo inaceitável.
Pedimos o fim dos combustiveis fosseis!
Nos juntamos a todas as pessoas, de cor, etnia, los de abajo que criam poesia de sua luta, as mulheres curdas que nos inspiram a um mundo menos patriarcal e mais ecologico, os mapuche, os munduruku, que lutam por seu territorio, por seu direito de existir, todas as nacoes de abya yala, no Equador, Chile, Haiti, Libano, Hong kong, Barcelona, Inglaterra, brancos colocando seus corpos e desenvolvimento em crise, todos em chamas, precisamos de todas as pessoas nessa luta comum pelo reparo mais urgente de nossa especie: Descolonizar!