Em uma página do governo federal, uma reunião para consulta prévia está sendo chamada para discutir, como diz no texto, os ‘possíveis’ projetos de empreendimentos na região. O texto no documento é o seguinte:
“O governo federal, através da Secretaria-Geral da Presidência da República, realiza nos dias 2 e 3/9, na aldeia Praia do Mangue, município de Itaituba (Pará), reunião com representantes de entidades, aldeias e lideranças do povo Munduruku. O objetivo é apresentar a proposta de consulta aos povos indígenas que vivem na bacia do rio Tapajós sobre possíveis projetos de empreendimentos na região.
Na ocasião será definida a forma que a consulta deve ser realizada, conforme a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e de acordo com decisão da Justiça Federal de Santarém (PA). A iniciativa do governo federal visa pactuar um processo que possibilite ampla informação e participação das comunidades que possam ser, direta ou indiretamente, impactadas pelos empreendimentos.”
Esta consulta pública será voltada apenas para área de duas hidrelétricas no plano inicial do complexo Tapajós: São Luiz do Tapajós e Jatobá. A palavra consulta já perdeu o seu significado original, pois, como todos sabem, na região os estudos, planos e acordos para mais este ‘empreendimento’ na Amazônia já vem acontecendo a mais de dois anos, como podemos perceber nas reportagens do portal IHU abaixo:
Em silêncio, governo começa a tocar usina no Rio Tapajós. http://www.ihu.unisinos.br/noticias/509866-em-silencio-governo-comeca-a-tocar-usinas-do-rio-tapajos
Povos do Tapajós apelam ao STF e ao congresso pela reprovação de MP que diminui unidades de conservação no Pará.http://www.ihu.unisinos.br/noticias/509566-povos-do-tapajos-apelam-ao-stf-e-ao-congresso-pela-reprovacao-de-mp-que-diminui-unidades-de-conservacao-no-para
O convite, em seu segundo parágrafo, deixa essa situação bem clara, quando não mostra mais saída nem capacidade de veto, no trecho: “A iniciativa do governo federal visa pactuar um processo que possibilite ampla informação e participação das comunidades que possam ser, direta ou indiretamente, impactadas pelos empreendimentos.” Já apresenta como certo o empreendimento do governo antes de uma decisiva consulta.
Consultas prévias falsas que impõem e ajudam na invisibilização da resistência que há na região?! Permanente processo de imposição de saberes eurocêntricos sobre desenvolvimento, progresso e gestão sobre comunidades que não dependem deste sistema e que se vêm argoladas e sem saída. Pela autonomia da construção destas consultas pelos povos que habitam o Tapajós e serão diretamente afetados na construção de mais algumas UHE’s da morte na Amazônia.
Para saber mais sobre a resistência Munduruku contra os projetos de barragem no rio tapajós, veja em nossa página: Mundurukus x UHES>> Mapeamento (em) processo. http://amazoniaemchamas.noblogs.org/post/2014/01/30/267/
fonte: http://amazoniaemchamas.noblogs.org/post/2014/08/05/governo-continua-apressadamente-projeto-de-chacina-no-rio-tapajos/