São Paulo, 18 de março de 2011. 17:43h, horário de RUSH. Chove lá fora acidamente… O trânsito pára e o medo cresce dentro de cada cidadão exposto à insalubridade da vida urbana. Apenas 18 milhões de habitantes. Aproximadamente 11 milhões de automóveis enfileram-se em constante combustão de petróleo. O ar já é intragável.
Na era do “tera” consumismo onde procuramos cada vez mais e mais rápido outros motivos e necessidades para produzir mais e mais rápido, começa a contagem regressiva dos nossos estoques de recursos naturais não renováveis.
Cidades inteiras são construídas a base de ferro, calcário, areia e brita. O mundo inteiro está conectado sob a rede de computadores, milhões deles, incontáveis. Quanto tempo suportarão as jazidas de silício, principal matéria prima para a produção de eletrônicos, nesta velocidade de produção e desprezo? Quantos computadores são desprezados todos os dias nas megalópolis em todo o mundo? A produção de lixo tecnológico global é imensurável.
Continentes inteiros funcionam a base de hidrelétricas, termelétricas, reatores nucleares… As hidrelétricas causam um gigantesco impacto ambiental devido ao represamento da água de um rio resultando em alagamento, mudança climática local, alteração em temperatura e PH da água impossibitando a vida aquática e consequentemente toda a vida que depende dela, liberação de gás carbônico e metano gerado pela decomposição anaeróbica (submersa) das florestas alagadas e suprimidas, a própria supressão de extensas áreas de floresta muitas vezes primárias que contém inúmeras espécies endêmicas tanto na fauna quanto na flora e muitas vezes causa também a expulsão e realocamento de comunidades que tradicionalmente habitavam as margens de tal rio.
As termelétricas utilizam na maioria das vezes combustível fóssil como o óleo diesel ou até mesmo carvão vegetal ou mineral, resultando na emissão de toneladas de gases tóxicos à atmosfera diariamente. As usinas nucleares são similares as termelétricas mas dependem de minerais radioativos que desde sua extracão até o beneficiamento, utilização e desprezo, oferecem grande risco a saúde geral e ampla do ambiente.
Acredito sermos muito mais inteligentes que isso.
Considerando a situação vigente e vislumbrando a transformação de paradigmas proponho a implantação da “Energia Alternativa Limpadora”, termo criado para a nomeação dos Geradores de Energia Elétrica construídos com discos rígidos de computadores quebrados.
O principio da Corrente Induzida Magneticamente é simples. Todo imã tem as polaridades positivo e negativo (alguns preferem dizer norte e sul) portanto quando posicionamos os imãs lado a lado os opostos se atraem formando um circulo que contém a intermitencia + – que são colocados em movimento ciclico (ex: roda da bicicleta com os imãs colados lado a lado radialmente). Em outro disco que se mantem estático posicionamos as bobinas de fio de cobre esmaltado que “captam” esta intermitencia dos imãs gerando uma corrente alternada pelo estímulo dos elétrons livres do cobre. É fundamental marcar todo começo e final de cada bobina, pois se ligar alguma invertida ela anula o resto da fase.
As bobinas tem que ser padronizadas, ou seja, devem conter a mesma quantidade de voltas (chamadas espiras), enroladas na mesma direção (caso contrario tambem anula a fase) e dimensionadas conforme as necessidades. Este dimensionamento foi empírico. Testes, testes, testes… A quantidade de voltas determina a tensão (voltagem) e a bitola do fio determina a corrente (amperagem). No caso do gerador P2RCA do video utilizamos fio de cobre 0,8mm com 200 voltas cada X 84 bobinas. Para a montagem é necessário seguir uma geometria especifica que, no caso de um gerador de 7 fases, cada fase é um hexagono com uma bobina em cada vértice, portanto 7 hexagonos com 6 bobinas cada. Uma vez que você consegue este circulo que contem os 7 hexagonos voce precisa fixar os imãs de forma que as 6 bobinas do hexagono sejam estimuladas no mesmo instante pois no instante seguinte os imãs estimularão a proxima fase ou hexagono. É uma matemática um pouco estranha mas para 42 bobinas (7X6) utilizamos 24 imãs. A quantidade de imãs é relativamente proporcional à quantidade de energia gerada, portanto dentro da circunferencia do disco de imãs couberam apenas 24. Pode-se utilizar maior ou menor quantidade de bobinas, o importante é que seja um número divisivel por 6 para garantir que o disco de imãs contenha os hexagonos. A energia gerada é AC (corrente alternada) e as baterias que utilizei no banco de baterias é DC (corrente contínua). Para resolver esta questão a corrente passa por uma “ponte de retificação”, ou seja, a onda senoide gerada pela AC (onda senoide é aquela que se lê nos osciloscópios) é cortada em seu picos e vales formando assim uma curva cortada onde o diferencial de polaridades fica mais próximo e a corrente mais “reta”. É basicamente uma linha tracejada. A ponte de retificação é feita simplesmente com 4 diodos para cada duas fases. Os diodos funcionam como válvulas, a corrente vai mas não volta e tem que ser ligados dois com a “bundinha” pra baixo (terminal negativo) e outros dois com a “cabeça” pra cima (terminal positivo). Oque determina o sentido é a linha que existe no diodo que diz pra que lado a corrente correrá. Ligando um ao outro pelas outras duas pontas do diodos que sobraram se obtem as entradas da AC.
Procure sempre super-estimar o gerador pois após a retificação há uma perda considerável de aproximadamente 2/3, por exemplo, se você conseguiu 21vAC obterá apenas 7vDC. A velocidade de rotação do gerador é outra equação inesperada pois quando você dobra a velocidade a corrente triplica. Esta especificidade me pôs a desenvolver um gerador com circunferencias menores para poder girar mais rápido sem estresse dos materiais. imagina uma roda de bicicleta girando a 1200RPM, o sistema não deve suportar nem um ano. Ligações em serie somam voltagem e em paralelo somam amperagem. Assim pode-se ligar as fases em serie até atingir a voltagem desejada para depois ligar as restantes em paralelo para aumentar a amperagem.
Na Amazonia, nós da Frente de Proteção Etnoambiental Purus, estamos construindo os Postos de Vigilancia e Proteção de Terras indígenas de povos isolados e recém-contatados garantindo efetiva restrição do uso dos recursos naturais da Amazonia e a próspera sobrevivencia dos povos que nela habitam. Estamos implantando nesses postos diversos dispositivos sustentáveis, entre eles o Gerador de Energia Limpadora, para minimizar os impactos causados pela presença do “homem branco”.
No Vale do Ribeira o trabalho foi realizado em cooperação com os Quilombos Canhambora e Ribeirão Grande. No Ribeirão Grande iluminamos 7 casas de famílias quilombolas que nunca tiveram energia elétrica e ainda aguardavam por programas do governo.
Quilombos são chamados os grupos de escravos foragidos que se esconderam na mata e com o tempo formaram estes vilarejos que resistem até hoje. Herança da colonização Portuguesa os Quilombos contêm a real identidade cultural brasileira. Após a Abolição da Escravidão os quilombolas tiveram que lutar, e lutam até hoje, pelo direito e posse das terras onde vivem a cerca de 300 anos.
A invenção gera própria luz para se difundir no inconsciente coletivo e na subjetividade das possibilidades de transformação de paradigmas que estão ao nosso alcance.
Como sabemos, não se faz revolução sozinho, portanto seguem os agradecimentos, sem essas pessoas nada disso teria acontecido:
Política do Impossível (Cibele Lucena, Joana Zatz, Rafael Leona, Daniel Lima, Luciana Costa, Eduardo Consoni), Rede Mocambos/TC Silva (http://mocambos.net/), Quilombo do Ribeirão Grande (Nilce Pereira), Frente de Proteção Etno-Ambiental Purus (Carlos Travassos), FUNAI/CTI, Mauro Souza, Rodrigo Barbosa, Silvia Viana, Lucas DHQ, Silvano Fernandes, Floriana Breyer, Fabiane Borges, Roger Borges, George Sander, Fabiana Mitsue, Rafael Ribeiro, Vinicius Gaspar, Felipe Pernambuco, Renato Fabbri, Reserva Canhambora, Leonardo Zappi, Tarin Picker, e todos os guerreiros que me acompanharam nesta saga até o começo… Talvez não tenhamos mais tempo… A hora é agora. A matéria prima é abundante. A imaginação nos faz sonhar. A ciência está ao nosso lado. Mãos à obra.
TODOS TEM PODER
por Peetssa
fonte: http://naborda.com.br/2011/crise/gerador-eletrico/