/// . Baobá Voador .
Marcha da maconha – uma das plantas mais adoradas do planeta!

vídeo da marcha da maconha, rio de janeiro, maio 2011

Marcha da maconha no rio de janeiro, 7 de maio de 2001. Junto a 49 países, duas outras cidades brasileiras (Vitória onde rolou tudo em paz e Belo Horizonte onde foi em cima da hora cancelada e as pessoas marcharam assim mesmo sendo 5 presxs) a marcha começou com aproximadamente 500 pessoas e foi aglomerando com o baixar do sol. No final a polícia já estimava umas 5 mil pessoas (a organização do evento 3 mil… creio que deviam ter uams 2 mil.). Sob o som da Orquestra Vegetal e a banda Planta na Mente clássicos do samba e das marchinhas embalaram os sonhos de um mundo menos hipócrita, mais consciente.

Eu conheço muitas pessoas que fumam, você também conhece. O propósito da marcha é desmistificar os tabus existentes ao redor do plantio, produção e uso da Cannabis Sativa, uma planta como qualquer outra em nossa terra, mas que por abusos humanos (não dos efeitos mas das políticas) proibiu-se o consumo. Suas fibras já foram empunhadas nas caravelas portuguesas, seus incensos favoreciam o transe em templos indianos, até hoje é uma planta sagrada para Rastafaris em muitos continentes. No brasil fazemos uso basicamente recreativo da erva, no entanto somos proibidxs de plantá-las nos restando ter de recorrer ao bio-narco-tráfico para consumí-la.

 

Prá quem não conhece, os efeitos mais comuns das pessoas que usam a Cannabis (como dizia um dos cartazes da marcha) são: fome, felicidade e sono. É muito diferentes de drogas estimulantes como o café, o álcool ou a cocaína. É verdadeiramente uma droga light e estudos atuais da USP revelam que 100% das pessoas viciadas em crack (infinitamente mais potente em químicas e efeitos físicos e sociais) largam a droga ao trocá-la pela maconha. É de fato uma medicina milenar.

 

As drogas estão presentes em nossas vidas todo o tempo. Sempre estiveram. O problema não é o quanto uma é pior ou melhor do que a outra, mas os efeitos do proibicionismo em nosso cotidiano:

ter que me tornar ilegal ou por cultivar uma planta ou ter que colaborar com o narco-tráfico.

 

Voltando à marcha… Os vendedores de mate entram no embalo: Erva da Gelada!

 

Iniciada por uma portuguesa no ano de 2006 quando imprimiu 500 filipetas e as carimbou com uma convocatória, a primeira marcha reuniu cerca de 500 pessoas. Proibida alguns anos e há 3 permitida sob habeas corpus (ninguém poderia ser preso por estar na marcha), este ano aconteceu sem maiores problemas. 3 pessoas acabaram presas por colar adesivos em carros e motos de policiais. Parece que foram logo liberadas. Policiais desfilavam com tubos prateados de gás lacrimogêneo, pareciam mesmo estar louquinhos por usá-los. Aproveitaram logo a oportunidade “prá dispersar”. Químicas institucionais valem né?

 

O meu cartaz dizia: Pelo direito de plantar, em letras coloridas. Proibição = Entorpecimento da razão = Bio-Narco-terrorismo. Me diverti demais com as marchinhas adaptadas ao tema da Cannabis. Uma delas dizia: “Dilma pode fumar. Não tem coisa melhor prá relaxar…” Eu tenho uma parente presa por envolvimento no narco-tráfico, experimentou cocaína aos 13 anos. Aos 18 foi presa. Se a maconha fosse legalizada talvez pudesse ter ajudado a se livrar do muito mais letal vício da coca, mas como argumentar a favor de um ou outro se no sistema em que vivemos corrupção não dá prisão e auto-consumo sim? Não posso ser presa por me mutilar, mas sim por fumar unzinho, dizia um dos delegados da Marcha. Um depoimento de um integrante da banda de reggae Ponto de Equilíbrio revelou que depois de ter seu pai morto pelo narco-tráfico decidiu nunca mais comprar maconha. Foi preso por 15 dias ao ser dedurado por um vizinho por sua pequena plantação caseira. Em países vizinhos como Argentina e Uruguai a maconha é liberada para plantio e uso doméstico. Um dos advogados da marcha, André Barros, me contou que sabe de casos em que pessoas foram presas por plantar um pé da planta (que não produz mais que 30-50 gramas).

Lá pelas 2 horas de marcha já haviam muitas pessoas fumando abertamente, foi uma sensação muito intensa de pertencimento, de liberdade. A certeza de que não precisamos mais nos calar diante de tanta coisa errada. De que é possível nos organizar para mudar a nossa realidade, torná-la mais humana, menos sistemática, abrir espaços de diálogo. Essa foi a lição que ficou desta marcha, a primeira que participo. Ano que vem será maior, e maior, e maior… até que não sejam mais precisas e que a sociedade enxergue suas próprias manifestações coletivas de forma humilde e generosa, como são as plantas de nosso planeta terra.

fotos : http://www.hempadao.com/

Mais fotos da marcha -> http://www.growroom.net/board/topic/40634-noticias-da-marcha-da-maconha-2011-rio-de-janeiro/page__pid__706540__st__40#entry706540

Excelente matéria sobre o tema -> http://www.outraspalavras.net/2011/05/09/drogas-muito-alem-da-hipocrisia/

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