rita, de amontada ceará foi largada pelo marido, segundo ela depois de 30 anos de sofrimento. “mas se ele me pedisse para voltar, eu voltaria”. seus filhos a ameaçam com surros e promessas de tiros a qualquer novo pretendente. socorro aos 64 anos, de umirim, com casa e marido foi morar na rua. anda descalça e com tornozeleras feita de conchas sujas diverte com gritos de créu suas ex-amigas. bruna da mesma cidade sofre de enbranquecimento tudo esquece, fica zonza por nada. tem tyerra e é irmã do prefeito mas tudo que queria era sua saúde de volta. ana de natal, rio grande do norte foi ameaçada pelo marido que a perseguia pelas noites ameaçando quebrar a cara de todos que a espiassem. seus filhos, fazem o mesmo. “não quero mais saber de homem….” rose me revela durante o pf de camarão que me serve em aranaú, litoral cearense: “nunca fui feliz em 30 anos de casamento”. seu marido a largou por uma de 15 anos, descobriu quando seu menino colocou uma escada junto a janela da garota. na barraca ao lado o irmão de seu ex-marido coloca um som nas alturas “ela gosta quando eu traio, traio porque gosta”. néia, batendo as roupas nas pedras em chaval diz “ter filho é muito bom mas tem que ensinar a fazer chá prá quando ficar doente”. tia dora retirando os pratos da rua onde monta seu móvel, antes de colocá-los na cabeça e levá-los para a casa me conta que há 4, 5 anos a água vinha na torneira era uma fartura em vargem grande maranhão, agora sua sobrinha tem que buscar água num posto bem distante, no açude vão todos os dias as meninas da cidade lavar roupa.
depoimentos escutados durante a bicicletada ( maio à julho de 2010)